domingo, 23 de outubro de 2011

O IMPÉRIO MAIS PODEROSO QUE Á EXISTIU

O Império Plantageneta ou Império angevino (de Anjou) é o conjunto de Estados que se estendiam dos confins anglo-escoceses aos Pirenéus e da Irlanda a Limousin, unidos a meio do século XII por Henrique II de Inglaterra.


O termo "império" para referir os territórios sob controlo de Henrique II e seus descendentes é utilizado pelo menos uma vez desde o século XII, no Dialogus de Scaccario de Richard fitz Nigel, surgido por volta de 1179.
No entanto, a ausência de uma unidade política, administrativa e financeira, assim como a breve existência do império (entre 1154 e 1204, data da conquista da Normandia) fizeram nascer algumas reticências nos historiadores quanto à utilização dessa expressão[1]. O "império Plantegeneta" é, na realidade, um conjunto de vários Estados: um reino (Inglaterra), dois ducados (a Aquitânia e a Normandia) e vários condados. A sua unidade vem do fato de que uma única pessoa encabeça esses territórios: Henrique II.
Em 1984, Robert-Henri Bautier fala em "espaço Plantageneta" em vez de "império". Mesmo empregando a expressão, o historiador Jean Favier acha mais correto falar em "complexo feudal" do que em "império". São empregues outras expressões tais como "estado" ou "federação". No entanto hoje em dia, em França, o termo "império Plantageneta" é o mais utilizado em publicações. Em Inglaterra fala-se em "Império Angevino" (Angevin Empire), termo utilizado pela primeira vez por Kate Norgate em sua publicação de 1887 England under the Angevin Kings referindo-se à origem da dinastia Plantageneta. Alguns vão mesmo ao ponto de utilizarem o termo Commonwealth.

Em seu auge territorial, o Império Plantageneta era constituído pelo Reino de Inglaterra, Senhorio da Irlanda, ducado da Normandia, ducado da Aquitânia (condado de Poitiers, ducado de Gasconha, condado de Périgord, condado de La Marche, condado de Auvergne e viscondado de Limoges) e condado de Anjou (condado do Maine e condado de Tours). Os plantagenetas tinham também alguma influência no ducado da Bretanha, nos principiados galeses independentes, no Reino da Escócia e no condado de Tolosa, apesar desses territórios não pertencerem ao império.
As fronteiras eram por vezes bem conhecidas, tal como a que separava a Normandia do domínio real. Outras, pelo contrário, eram dúbias, especialmente na fronteira leste da Aquitânia, onde existia uma diferença entre o reclamado por Henrique II e a sua verdadeira influência.

Uma das caracteríticas do Império Plantageneta era a sua natureza policrática, um termo utilizado por Jean de Salisbury no seu Policraticus.
  • A Inglaterra era dividida em Shires, com um xerife encarregado em fazer respeitar a common law. Um Justiciar, administrador geral, era apontado pelo rei quando este se ausentava do reino. Curiosamente a prolongada ausência dos reis de Inglaterra, muitas vezes em França, favorecia a administração inglesa[5]. Sob o reino de Guilherme o Conquistador, os nobres não possuíam terras contíguas de grandes proporções, o que não lhes permitia enfrentar o rei e defender as suas terras ao mesmo tempo. Se bem que os Earls possuíam um estatuto semelhante ao dos condes no continente, não eram poderosos o suficiente para desafiar o rei.
  • Na Grande Anjou[Nota 1][6], existiam dois cargos que partilhavam a administração: os prebostes e os senescais. Estes últimos estavam sediados em Tours, Chinon, Baugé, Beaufort, Brissac, Angers, Saumur, Loudun, Loches, Langeais e Montbazon. Os restantes senhorios não eram administrados pela família Plantageneta. O Maine foi, num primeiro tempo, desprovido de administração central. Os plantagenetas instalaram ali novos administradores, como o senescal de Mans. Mas essas reformas surgiram tardiamente e os Capetianos foram os únicos a beneficiar disso após anexarem a Grande Anjou[7].
  • O ducado de Gasconha era um território mal administrado, onde os administradores residiam em Entre-deux-mers, Bayona, Dax, ao longo do caminho de peregrinação de Santiago de Compostela e da Garona até Agen. O resto do território não tinha administradores e representava uma grande parte do ducado, comparando com outras províncias. Era difícil para os Plantagenetas, tal como o fora para os condes de Poitou, manter a sua autoridade no ducado[8]. Essa parte da Gasconha era pouco atrativa devido à sua paisagem (húmida, deserta e pantanosa).
  • A oeste de Poitou e da Aquitânia, existiam numerosos castelos nos quais viviam os representantes oficiais, mas a leste dessas províncias não havia nenhum. Os senhores locais governavam essas regiões como se fossem soberanos, possuindo fortes poderes. Foi ali que Ricardo Coração de Leão morreu lutando contra um senhor local, no Limousin. Alguns senhores eram poderosos rivais, tais como a Casa de Lusignan, em Poitou.
  • A Irlanda era gerida pelo senhor da Irlanda, título criado por Henrique II ao mesmo tempo que o senhorio da Irlanda aquando da conquista da ilha em 1171. O rei teve sérias dificuldades em impor a sua autoridade. Dublin e Leinster eram as principais praças fortes dos plantagenetas, enquanto que o condado de Cork, de Limerick e de Ulster estavam nas mãos dos nobres anglo-normandos.
  • O conde de Tolosa estava ligado por um laço de vassalagem que raramente honrava. Apenas Quercy era diretamente administrada pelos Plantagenetas, e manteve-se uma terra contestada.
  • A Bretanha, região onde os nobres são tradicionalmente independentes, estava sob controlo dos Plantagenetas (regentes e depois duques) de 1166 a 1203. Nantes estava indiscutivelmente sob domínio angevino enquanto que os Plantagenetas metiam-se muitas vezes nos assuntos bretões, colocando bispos e impondo a sua autoridade.
  • O Pais de Gales reconheceu os Plantagenetas como senhores. No entanto continuava a ter uma administração independente, fornecendo aos Plantagenetas soldados e arqueiros.